Esta foi uma revolta dos proprietários rurais do Maranhão (região
que compreendia os territórios atuais do Maranhão, Ceará, Piauí, Pará e
Amazonas) contra a Companhia de Comércio do Maranhão que foi instalada pelo
governo português.
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A revolta detinha como tema central a exploração dos índios |
A população vivia em condições miseráveis sobrevivendo de
agricultura de subsistência, pesca e coleta. A crise econômica havia se
agravado logo após a expulsão dos holandeses da região e já não se podia arcar
com os custos da importação de mão-de-obra escrava. Por hora faltaram escravos,
e a solução foi forçar os índios ao trabalho, o que gerou conflitos com os
jesuítas.
Após estes incidentes os Jesuítas recorreram a Coroa Portuguesa
para que se cessassem a exploração do trabalho indígena. A Coroa Portuguesa
acatou o pedido da Companhia de Jesus, uma vez que, essa exploração de trabalho
não era rentável para a Coroa. Posteriormente, a Coroa Portuguesa resolveu criar Companhia de
Comércio do Maranhão, em 1682. A intenção de criar essa companhia viria da
ideia de controlar o escoamento do que era produzido na região (produção de
açúcar, tabaco, cacau e exportação de couro) e abastecimento da mesma com a
mão-de-obra escrava.
A companhia ao invés de resolver os problemas, aumentou o
descontentamento da região:
- Os comerciantes sentiam-se prejudicados pelo monopólio imposto
pela Coroa.
- Os preços propostos pelos produtos eram abaixo do esperado pelos
produtores.
- A população protestava pelo preço excessivo dos produtos que
lhes eram vendidos.
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Manuel Beckman |
A eclosão da revolta deu-se em 1684, sob a liderança dos irmãos
Manuel e Tomás Beckman. O grande objetivo da revolta era extirpar o monopólio
da Companhia de Comércio do Maranhão, fazendo com que os preços de compra e
venda fossem justos para todos. O governo local foi deposto, os armazéns da Companhia do Comércio
foram saqueados, os Jesuítas expulsos da região e o monopólio extinto das
práticas econômicas até então. No
lugar do governo foi criada uma Junta Revolucionária na qual Tomás Beckman foi
enviado como emissário à corte de Lisboa para que houvesse reconhecimento de
que o movimento revolucionário e revoltoso contra a Coroa era justo, isso não
ocorreu, e Tomás Beckman foi preso. A coroa portuguesa reagiu enviando um novo
governador ao Maranhão de nome Gomes Freire de Andrade, à frente com os
militares portugueses e não encontrou nenhuma resistência para a retomada do
poder. Gomes Freire então ordenou a detenção e o julgamento dos envolvidos no
movimento assim como o confisco de seus bens.
Manuel Beckman foi condenado a morte pela forca por ser o líder do
movimento. Tomás Beckman foi condenado ao desterro (foi expulso de suas terras)
e os demais envolvidos na Junta Revolucionária foram condenados a prisão
perpétua.
A Revolta de Beckman ficou conhecida como uma revolta nativista,
ou seja, uma revolta que busca defender e valorizar a cultura de uma região
frente ao risco de essa ser interferida diretamente por outra cultura, ou a
fatores externos que levem algum risco a soberania da cultura dessa região. Um
bom exemplo de nativismo são os povos que foram colonizados por outros (como o
Brasil). Esses povos em certa altura de sua História acabam por não aceitar
essa colonização e reivindicam seus direitos através de motins, revoltas ou
rebeliões contra os seus colonizadores.
Fontes:
Por: Lúcio Nunes