Representação da chegada da corte portuguesa. |
Ao
final do período colonial, o Brasil encontrava-se em um emaranhado de sistemas, alguns com alguma vitalidade no sentido de mobilização e outros praticamente
abandonados à própria sorte. Basicamente, a balança econômica pendia para a
extração do ouro e a plantação de cana-de-açúcar.
No
início do século XIX, houve transformações significativas no modelo político da
Europa e consequentemente afetou a colônia brasileira. Um exemplo: a vinda da
família real portuguesa para o Brasil, em 1808. Com a chegada da família real,
vieram os tratados, a partir de 1810 (juntamente com a abertura dos portos),
que beneficiaram estrangeiros (como a Inglaterra que se tornou uma grande
potência no período) e ao mesmo tempo impunha um limite ao Brasil,
economicamente falando.
A
mineração no início do século XIX atingiu o seu mais baixo rendimento em
virtude do esgotamento das jazidas brasileiras. No Brasil, não havia
desenvolvimento industrial, pois a atividade era proibida desde 1785. O
comércio, antes da abertura dos portos, era restrito ao monopólio da Metrópole.
A atividade de transportes dependia de péssimas estradas que encareciam os
produtos.
Um
dos fatores que incentivaram a vinda da Família Real ao Brasil, foi o Tratado
de Fontainebleau, que estabelecia a divisão das colônias portuguesas entre
França e Espanha, o que apressou a decisão de Dom João. A vinda da Família
garantiu a instalação da indústria no Brasil e o acesso inglês ao mercado
consumidor brasileiro, fortalecendo o comércio da colônia. Um grande número de
firmas inglesas se estabeleceram no Brasil para difundir o consumo de artigos
provindos da Inglaterra. A sede da família real fora instalada no Rio de
Janeiro, e assim a capital passa de Salvador para o Rio de Janeiro, modificando
o quadro econômico das duas cidades.
Após
o período da independência (1822), o Brasil herda a dívida de Portugal e ainda
paga uma indenização ao governo português, contraindo uma dívida maior. Sem uma
base econômica definida, o que se conhecia como plano econômico até então era a
exploração da metrópole sobre a colônia. A classe dominante pós o processo de
independência seria a dos Senhores donos das terras.
Devido
a altos impostos, os Senhores da terra, a classe dominante até então, entram em
um conflito diplomático com a Inglaterra. Os pagamentos desses impostos
gerariam um corte, uma drástica redução nos lucros dessa classe, e um imenso
desafio para o governo brasileiro.
No
início do século XIX a economia brasileira resumia-se em exportar basicamente
produtos primários, já que não havia alternativa a altura da estrutura
econômica do Estado.
Para
conquistar o mercado externo e alavancar suas exportações, era necessária uma
reorganização dentro do Estado e um incentivo à produção. O Açúcar era o
principal produto do Brasil, juntamente com o algodão; porém, o mercado europeu
estava cada vez menos atraído por esse produto. A Inglaterra possuía colônias
que faziam o abastecimento desse produto, os Estados Unidos encontrava-se em
franca expansão e contavam ainda com a produção cubana. Quanto ao algodão, as
previsões de mercado eram piores: Os Estados Unidos possuíam um grande
contingente de escravos para a produção e tarifas extremamente baixas em
relação às brasileiras para a exportação. Contavam também com terras de
primeira qualidade. O algodão brasileiro só volta à cena principal no mercado
mundial quando ocorre a guerra da secessão.
Nos
anos trinta já se pode ter uma noção do que viria a ser o principal produto de
exportação brasileiro: O café.
Esse
produto viria a ser o terceiro maior exportador do Brasil (atrás do Açúcar e do
Algodão) e serviria como uma saída para o declínio dos produtos citados acima,
tanto na questão de ocupação das terras, que eram propícias para o cultivo,
quanto para a alternância e revigoramento da economia brasileira. Além das
vantagens citadas, tendo a região sudeste como principal produtora, outra
vantagem era a proximidade com o litoral e a facilidade de transporte
(geralmente em lombo de mulas). Em um primeiro momento houve a utilização
massiva do trabalho escravo na produção cafeeira e inicialmente o surgimento de
uma classe de empresários que posteriormente viriam a ser um importante pilar
para a manutenção da economia brasileira.
No
começo do Segundo Reinado, a principal região produtora do café era a do Vale
do Paraíba. Um fato importante ocorreu com o processo de solidificação do café
como principal produto de exportação do Brasil: A Lei que proibia o tráfico de
escravos para o Brasil (Lei Eusébio de Queirós). Essa lei foi fortemente
incentivada desde a década de 1830 pela Inglaterra, porém, só foi aprovada em
meados do século XIX (4 de setembro de 1850). Ainda não era uma campanha
explícita do abolicionismo no país, contudo, era um aceno de que a escravidão
tinha seus dias contados perante o mesmo.
Aumento
demográfico na Europa e conflitos na mesma levaram a uma espécie de “fuga”,
onde houve grande número de imigrantes que tomaram o rumo da América. O Brasil
recebeu uma pequena parcela desse contingente, e assim pôde começar a
substituir o braço escravo na lavoura por um trabalhador assalariado que
recebia terra para o plantio do café, recebia a passagem do governo brasileiro
para adentrar no país (Para a miscigenação da população, aumento demográfico e
oportunidades de trabalho) e ainda recebia uma participação nos lucros da
colheita (nem sempre de forma justa).
Fazenda de café no interior de São Paulo. |
Essas medidas adotadas pelo governo
brasileiro ficaram conhecidas pelo nome de “Política de Terras”. A região
sudeste era a mais próspera, sendo a província de São Paulo a mais importante
do Estado (A província de São Paulo era responsável por metade das exportações
de café no Brasil).
A
Partir da década de 1880 o Vale do Paraíba já não produzia como antigamente,
mas o Brasil continuava a expandir a produção cafeeira: havia um melhoramento
nas técnicas do plantio, uma maneira de aproveitar a terra por muito mais
tempo. Com o mercado do café em expansão, a economia brasileira ganhou tons
complexos e com diversas mudanças. Substituição do transporte do café (antes
utilizados por lombos de mulas ou bois como já foi citado) por trens (primeiras
ferrovias começavam a ser construídas). Nos portos começavam a surgir navios a
vapor, substituindo os barcos à vela. A circulação de mercadoria ocorria de uma
maneira muito mais rápida e eficaz, com preços bem mais acessíveis. A
mão-de-obra livre crescia junto com o mercado consumidor, o que possibilitou o
crescimento também de indústrias principalmente na região Sudeste. Essas indústrias produziam basicamente
produtos têxteis, alimentícios, mobiliários, gráficas, vestuário, entre outros.
O capital comercial e financeiro também ganhou tons de expansão com a fundação
de companhias de comércio, armazéns e bancos.
Após
a expansão no período monárquico, veio a Primeira República. Aproveitando o período de progresso, o novo
governo procurou manter tal situação e lançou a política que ficou conhecida
como "Encilhamento". Essa política consistiu em emitir uma quantia
três vezes maior de papel e dinheiro do que já circulava no país, contemplando
assim as sociedades anônimas e ampliando a especulação no mercado. O objetivo
dessa política era atender as demandas de créditos dos empresários,
posteriormente resultou em uma inflação sem precedentes para a época e
consequentemente em várias falências.
Dentro
desse período verifica-se um processo de crise internacional, recessão na
Europa, que atinge os Estados Unidos (Principal consumidor do café brasileiro)
e posteriormente atinge o Brasil. Além das crises citadas, o Brasil passava por
diversas revoltas, uma grande crise política, onde o presidente eleito Deodoro
da Fonseca renunciou do cargo passando o poder para Floriano Peixoto.
Prudente
de Morais assumiu a presidência em 1894 em meio ao caos. A inflação era
alarmante a os conflitos entre florianistas e monarquistas ainda estavam
acesos. Foi Floriano Peixoto quem assinou (Juntamente com o seu sucessor
Prudente de Morais) uma moratória com credores europeus, um empréstimo de 10
milhões de libras esterlinas. O pagamento da dívida seria realizado em três
anos, e a amortização em dez anos. Campos Sales adotou uma política
deflacionária aumentando os impostos federais, visando a preservação da
indústria e da agricultura no país. A partir de 1906 uma nova política fora
adotada, mais especificamente voltada para o café, a Política de Valorização. O
objetivo dessa política eram basicamente restabelecer o equilíbrio. O governo
compraria todo o excedente financiado com empréstimos estrangeiros; para
solucionar a longo prazo, os governos estaduais deveriam desencorajar a
produção. Obviamente, não foi o que aconteceu. Se há uma enorme produção com o
governo bancado, visando ganhar mais, os produtores produziam cada vez mais. O
ápice da tragédia para os produtores e para o governo foi o "Crash"
de 1929 onde houve a ruptura do modelo de desenvolvimento industrial baseado no
capital cafeeiro.
CONCLUSÃO
O presente texto aborda de maneira sucinta a
evolução econômica, principalmente com a substituição da produção subsidiária
de matérias-primas por uma produção que ganharia destaque mundial, no caso a
produção cafeeira, e como a mesma contribuiu para o desenvolvimento tecnológico
do país em diversos campos, como nos transportes e no campo industrial.
Referências:
COSTA,
Emília Viotti Da. Da Monarquia a República:
momentos decisivos. São Paulo: Editora Ciências Humanas, 1979. p. 138 - 193
(Texto 4 e 5).
MARQUESE,
Rafael. O Vale do Paraíba Escravista e a
Formação do Mercado Mundial do Café no século XIX. p. 339 - 383 (Texto 7).
NETO,
José Miguel Arias. Primeira República: Economia
Cafeeira Urbanização e Industrialização. p. - 191 - 229. (Texto 13).
VALLADARES,
Eduardo Montechi. O Declínio do Império
- O Advento da República. p. 334 - 368 (Texto 9).
http://estudosdiplomaticos.blogspot.com/2009/08/economia-brasileira-no-seculo-xix-1.html
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Por: Lúcio Nunes